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Partindo de narrativas de mulheres carcerárias e egressas do sistema carcerário de Joinville, a companhia iniciou em Janeiro deste ano o processo de montagem do espetáculo, que permeia poeticamente o universo feminino em diferentes instâncias, transitando entre elementos cotidianos e oníricos através de sugestões imagéticas.

O processo de montagem iniciou com a análise de duas pesquisas de iniciação científica realizadas na Univille- Universidade da Região de Joinville, por Camila Diane Silva, sobre mulheres carcerárias e egressas do sistema carcerário de Joinville, e, concomitantemente, com investigações sobre performance e dramaturgia do ator contemporâneo, temas de pesquisa da professora do Departamento de Artes Cênicas da UDESC, dramaturga e diretora Daiane Dordete, que concluiu o Mestrado em Teatro no Programa de Pós-Graduação em Teatro da UDESC em 2010, onde atualmente cursa o Doutorado em Teatro.

Construções culturais a respeito da figura feminina também são temas da montagem, um solo da atriz Samira Sinara, com Direção e Dramaturgia de Daiane Dordete, Assistência de Direção de Alex Maciel e participação de diversos outros profissionais do estado.

O espetáculo dá sequência às pesquisas em teatro contemporâneo da CiA.VAi!, e traz uma construção cênica não-linear, calcada na performatização da atuação e nas relações polifônicas e dialógicas dos signos constituintes do mesmo.

As pesquisas sobre mulheres carcerárias e egressas do sistema carcerário despertaram a vontade não de contar as suas histórias, transgressoras do código penal, mas de tentar investigar o porquê delas. Deste modo, foram propostos três eixos de análise: motivações, sensações e paradigmas sociais, que serviram como elementos para as investigações cênicas.

“Por que a violência, o assassinato, o tráfico? O quê havia no mundo dessas mulheres, oprimidas e opressoras em nossa sociedade líquida? (para usar o termo do filósofo e sociólogo Zygmunt Bauman). Estas foram as perguntas-problemas que escolhemos tentar responder, investigando nos documentos a que tivemos acesso impulsos, sensações, motivações e forças motrizes que levaram essas mulheres a transgredir o código penal, e apontando fragmentos de vidas, experiências e sonhos, em nossas cenas-contradições desse espetáculo”, afirma Daiane Dordete sobre ©elas.